quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Cansaço

Álvaro de Campos
 
O Que Há
 
 

    O que há em mim é sobretudo cansaço —
    Não disto nem daquilo,
    Nem sequer de tudo ou de nada:
    Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
    Cansaço.     A sutileza das sensações inúteis,
    As paixões violentas por coisa nenhuma,
    Os amores intensos por o suposto em alguém, 
    Essas coisas todas —
    Essas e o que falta nelas eternamente —;
    Tudo isso faz um cansaço,
    Este cansaço,
    Cansaço.
    Há sem dúvida quem ame o infinito,
    Há sem dúvida quem deseje o impossível,
    Há sem dúvida quem não queira nada —
    Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
    Porque eu amo infinitamente o finito,
    Porque eu desejo impossivelmente o possível,
    Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, 
    Ou até se não puder ser...
    E o resultado?
    Para eles a vida vivida ou sonhada, 
    Para eles o sonho sonhado ou vivido,
    Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... 
    Para mim só um grande, um profundo,
    E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, 
    Um supremíssimo cansaço, 
    Íssimno, íssimo, íssimo,
    Cansaço...
 
É por aí... eu tô sempre ou estive sempre preocupada em deixar todo mundo feliz. Sempre estive preocupada em resolver todas as coisas, de não deixar ninguém carente, de aceitar todas as coisas, todos os trabalhos, mas existe um limite, o limite do cansaço. Estou cansada. E não é esta semana não. Venho jogando isso ao vento já a algum tempo, mas estou literalmente no meu limite. Limite. Ultimamente é um festival de cobranças, mas quando eu olho para minha vida, ela não mudou muito. Mudou em dois pontos: 1.Não fico mais o dia na ONG. 2.Não fico mais a noite na ONG quando preciso trabalhar com o teatro durante o dia. Não larguei a ONG não, é só o cansaço, e lógico, aproveitei de uma forma até abusada o fato da Tati poder ficar mais tempo lá, e ela pode me cobrar o que quiser, dou este direito a ela, a gente se deve coisas, eu pra ela, ela pra mim, mas isto é problema nosso. O cansaço que não permite mais que eu faça tantos abusos. Antes eu trabalhava igual, mas passei por necessidades que muita gente não faz nem idéia. Necessidade as vezes de coisas tão pequenas, mas enfrentei tudo, de peito erguido, pq a cabeça caía muitas vezes. Não digo que foi fácil, nem que venci, nem que fui legal o tempo todo, e quantas vezes eu estava insuportável. E quantas outras vezes eu estava só com fome... Enfim, tá tudo igual era, tudo insano como era. Constinuo falando com mais frequencia com as mesmas pessoas pq nada mudou na vida delas ou na minha, então, parem de dizer o que eu fiz e o que eu não fiz se não é possível dizer a verdade, a verdade geral, não a minha, não a de ninguém... No fim, cada um sabe de sua vida, no fim cada um sabe aonde a ferida dói, no fim o que fica na memória são as cenas que ninguém vê, ou que não se dá conta. Cansada. Fim, cansei. Tenho que fazer mala pra Jundiaí. Eu agora tenho 3 casas, tres banheiros, tres quartos, 7 bichos, estrada, namorado, vida... e tanta mas tanta coisa pra fazer... Quase igual era, só mudou a forma, pq já que a gente tem que levar uma vida insana, então que as vezes tenha uma reciclagem só pra não ficar tão chato... Depois conto dos bichos... estão muito felizes :). FIm (de novo)

2 comentários:

  1. Só agora vi isso... E preciso 'corrigir' algo: a Tati não te cobra nada, não mais. Isso não pode e nem deve ser mais um peso nesse momento. As coisas todas tem um tempo certo.

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  2. E adianta cobrar algo se você não paga e sequer responde?

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Já chegou a hora do programa terminar!

Obrigada por visitar meu blog. Espero que não tenha sido uma experiência traumática.